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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Relacionamento amoroso no ambiente de trabalho



Já se envolveu com alguém do trabalho?

Você vai entender as emoções e os interesses que estão em jogo, conhecer o código de conduta para as relações amorosas corporativas e saber o que realmente esse tipo de relacionamento pode acarretar à sua carreira.

Certamente você conhece alguém que está neste exato momento trocando olhares e e-mails, vivendo um caso clandestino ou até prestes a "juntar os trapinhos" com um colega de trabalho. Isso se você mesma não tiver sido flechada pelo cupido que faz plantão nos corredores, no cafezinho, nas festas de confraternização. Essa proliferação de relacionamentos mezzo amorosos mezzo profissionais é cada vez mais comum.


Atração quase fatal

O estilo de vida que se leva ajuda a unir muitos colegas de baia. Basta pensar em quanta gente tem sua carreira como prioridade número 1 e passa cerca de 80% do dia mergulhada em assuntos profissionais. Sobra pouco tempo e pique para encontrar os amigos, frequentar as baladas, se apaixonar por alguém. Por outro lado, as chances de rolar uma química sexual com algum colega são grandes. Uma pesquisa recente da consultoria americana Vault comprova isso: 58% dos entrevistados já se envolveram em um romance no escritório. Agora, para administrar esse caso de amor, é preciso deixar a ingenuidade de lado. E ter consciência de que esse tipo de relação é diferente daquele que começa num barzinho, na rua, na praia. Enquanto sente um arrepio na espinha ao ver o bonitão do marketing, lembre-se dos aspectos a seguir.

A primeira impressão é profissional

Será que o diretor de vendas pareceria tão sexy caminhando de bermuda na praia quanto trajando terno e ditando ordens aqui e ali? Será que aquele fornecedor a atrairia tanto como quando a desafia durante uma negociação? É provável que não. Isso porque, no trabalho, tendemos a criar uma persona diferente da que somos depois de fechar o notebook. E isso reflete no poder de conquista - inclusive amorosa. Já chegou a contar quantas peças de seu guarda-roupa foram compradas com foco no dress code do lugar onde ganha o pão? "No trabalho, você está vendo e sendo vista. Precisa andar de salto, ser menos tímida, mais proativa", fala a psicóloga clínica e consultora empresarial Ana Fraiman, diretora da Clínica Fraiman & Consultoria. "A postura muda e mexe com a sensualidade", acredita ela. A psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, complementa: "Há uma identidade por ter a mesma profissão, fazer parte da mesma tribo..." Mas nem sempre isso é a realidade. E o filme com personagens corporativos acaba sem fôlego para durar depois do horário comercial. Por isso, muitos casos se resumem a jogo de sedução, atração pelo poder e a... sexo sem compromisso. Vale a pena avaliar se é isso o que procura.

Depois daquele beijo

Acreditar que está livre de virar assunto nas rodinhas é o mesmo que esperar o Papai Noel. Talvez ninguém fale, mas todos sabem quem tem um caso. E, sim, vão monitorar os passos, julgar. Pensando nisso, a assistente de comunicação Sandra, 31 anos, preferiu nem apostar no relacionamento com um engenheiro da empresa onde trabalha. "Saímos duas vezes e foi bom, mas não daria certo. A rádio peão logo começa a divulgar e isso atrapalha", conta. Já a assistente administrativa Marina, 24 anos, pagou para ver: "As desconfianças e indiretas eram constantes, mas soube separar o pessoal do profissional. Não deixaria de fazer o que quer que fosse por causa de julgamentos alheios. Hoje, estamos noivos". Há também a mira da empresa. E qualquer beijinho ou ousadia na mesa do chefe podem ser filmados por uma câmera. Sem falar que é essencial jogo de cintura para lidar com uma eventual crise. "Se esse relacionamento vai mal, você vai continuar convivendo com o homem em questão", lembra Carmita. E está fora de cogitação bater na sala dele e implorar para voltar. Nesse caso, Ana só vê uma saída: "É preciso forças para segurar um baita fingimento", diz a consultora, que alerta para as dores que terá de administrar:

• A dor de ser largada

O homem é capaz de fechar a porteira e agir como se nada tivesse ocorrido.

• A dor de perder o poder

No caso de uma aventura, fique ciente de que pode ser apenas a bola da vez.

• A dor de sofrer em silêncio

Você não pode chorar. Nem no banheiro! Tem de ser profissional.

Nem tudo é tão permitido assim

Outro fator que conspira favoravelmente para as relações no escritório é a impressão de que nada do que acontece entre os muros da empresa sairá dali. A consultora empresarial Ana Fraiman vem observando justamente isso: "A menos que o código da organização seja severo e coloque um tipo de punição, existe certa cumplicidade entre os colegas". A sensação de que dá para levar vidas paralelas é um prato cheio para os relacionamentos extraconjugais. Que não são poucos. E pode colocar você em uma saia justa daquelas. "A reputação que se leva anos para construir pode ser deteriorada em segundos", avisa o consultor de carreira Gutemberg de Macêdo.

Carreira em jogo

Se consultou o departamento de recursos humanos e constatou que não há nenhuma restrição que a impeça de namorar um colega, resta ficar ligada no código de conduta velado. É verdade que boa parte das empresas não tem regras claras, oficiais, mas isso não significa que fechem os olhos para o que acontece nas escadas de incêndio. Uma das situações que mais geram frisson são os relacionamentos entre chefe e subordinado direto. "A preocupação é com o favorecimento. Para evitar protecionismo ou tratamento diferenciado, muitas empresas optam por transferir de área um dos envolvidos", diz Macêdo. Então, se está feliz no seu setor, melhor seguir a regra da pirâmide: nada de romances com quem está acima e abaixo da sua posição. E, não importa quem seja seu par, deixe os amassos para muuuitas quadras longe da empresa. O presidente de uma corporação, que não quis se identificar, ameaçou demitir uma funcionária que vivia aos beijos perto do escritório no horário de almoço. "Um cliente me alertou. A atitude dela podia abalar a imagem da minha empresa", diz ele. Casos extraconjugais também fazem chefias torcerem o nariz. "Nos bastidores, conta pontos contra uma promoção. Com a concorrência feroz, qualquer fator que coloque em jogo sua imagem é critério para desempate", avisa o consultor. E anote: tão importante quanto saber com quem se tranca entre quatro paredes é manter seus resultados em alta. "Se for boa no que faz, não dará motivos para ser punida

Depoimento de quem já se relacionou com "colegas" de trabalho

"Vivi uma tórrida aventura com meu chefe"

"A princípio, achei que as brincadeiras quentes não passariam daquilo. Mas, aos poucos, fui notando um ar de sacanagem. Fiquei assustada e também excitada. Trocávamos mensagens picantes e quando nos encontrávamos na cozinha ou pelos corredores sempre dávamos um jeito de ficar juntos. Era incrível a sensação de saber que qualquer um poderia nos ver ali. Certa vez, esperamos todos irem embora e começamos os amassos na mesa da sala de reuniões. Foi quando escutamos o barulho da porta. Era um dos sócios dele. Disfarçamos, mas mesmo assim não desistimos de transar ali mesmo. O romance durou um ano e pouco. Chegou uma hora em que decidi acabar com a aventura. Já não dava mais para suportar a ideia de ele ser casado. Minha consciência pesava. Saí da empresa, mas as mensagens, e-mails e telefonemas continuam. Mesmo querendo retomar essa loucura deliciosa, estou me controlando."

Giovana, 22 anos, publicitária*

* Os sobrenomes foram omitidos para preservar a identidade das entrevistadas.

Amantes, amantes, negócios à parte

Pode ser que, na cama, você revele estratégias para ser promovida, abra o que pensa de seu chefe... E que ele conte bastidores de um projeto, peça opiniões. E se o romance termina? É preciso lidar com a perda da fonte que faz com que se sinta mais integrada na empresa. É como ser desempossada", diz Ana Fraiman. E, como não dá para prever o que ele fará com as informações que ouviu, zíper na boca!


Postagem: Bryan Carvalho

Revisão: Deborah Carvalho

Fotos: Divulgação

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